R.C. Sproul, neste vídeo de 5 min., ensina a essência da visão da Reforma sobre justificação ao explicar a frase em latim cunhada por Martinho Lutero: “Simul Justus et Peccator” (simultaneamente justo e pecador).
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D. M. Lloyd-Jones escreve:
Justificação não significa meramente perdão. Inclui o perdão; no entanto, é muitíssimo maior do que este. Além disso, a justificação afirma que Deus nos declara completamente inocentes, considerando-nos pessoas que jamais pecaram. Ele nos proclama justos e santos. Agindo assim, Deus está refutando qualquer acusação que a lei faça contra nós. Não é apenas o juiz, no tribunal, asseverando que o réu está perdoado, mas declarando-o uma PESSOA JUSTA E INOCENTE. Ao justificar-nos, Deus nos informa que removeu nosso pecado e culpa, imputando-os, ou seja, lan- çando-os na conta do Senhor Jesus Cristo, castigando- os nEle. Deus também anuncia que, fazendo isso, lança em nossa conta (ou seja, imputa-nos) a perfeita justiça de seu querido Filho. O Senhor Jesus Cristo obedeceu completamente a Lei; jamais a transgrediu em algum aspecto, satisfazendo-a em todas as suas exigências. Esta completa obediência constitui a justiça dEle. O que Deus faz ao justificar-nos é lançar em nossa conta (ou seja, imputar-nos) a justiça do Senhor Jesus Cristo. Ao declarar-nos justificados, Deus proclama que nos vê não mais como realmente somos, e sim como pessoas vestidas da justiça de Cristo. Um hino escrito pelo conde Zinzendorf expressa deste modo a justificação:Jesus, tua veste de justiça É agora minha beleza; minha gloriosa vestimenta. Entre os mundos flamejantes, Envolvido em tua justiça, com alegria eu Te exaltarei.
Como Sproul diz, “este é o coração do evangelho”. Se você deseja conhecer mais sobre o assunto, fizemos em 2009 uma conferência sobre “Justificação pela Fé” com a participação de Mark Dever, D. A. Carson e outros. Você pode ver todos os vídeos e baixar todos os áudios aqui.
Transcrição:
Talvez a fórmula mais famosa e pertinente neste ponto é a fórmula que Lutero usou “simul justus et peccator”. Se alguma fórmula resume e captura a essência da visão da Reforma é esta pequena fórmula. “Simul” é a palavra da qual deriva o termo simultaneamente; ou seja, significa “ao mesmo tempo”. “Justus” é a palavra em latim para “justo” ou “reto”. E todos vocês sabem o que “et” significa. “Et” é o pretérito do verbo em inglês “to eat”. Você et seu jantar? [piada]. Não, você sabe que não é isso que significa. Você se lembra de que na cena da morte de César, depois de ser apunhalado por Brutus, ele diz: “Et tu, Brute?” e César cai. “’E’ até tu, Brutus?”. “Et” simplesmente significa “e”. “Peccator” significa pecador.
Então, com esta fórmula, Lutero estava dizendo que, em nossa justificação, nós somos ao mesmo tempo justos, ou retos, e pecadores. Agora, se ele tivesse dito que nós somos justos e pecadores ao mesmo “tempo” e na mesma “relação”, isto seria uma contradição de termos, mas não é isso que ele está dizendo. Ele estava dizendo que sob uma perspectiva, em um sentido, somos justos. E, em outro sentido, sob uma perspectiva diferente, somos pecadores. Ele define de forma bem simples. Em nós mesmos, sob o exame minucioso de Deus, nós ainda temos pecado; nós ainda somos pecadores. Este é o coração do evangelho.
Para ir ao céu, eu serei julgado pela minha justiça ou pela justiça de Cristo? Se eu tivesse que confiar na minha retidão para chegar ao céu, eu estaria total e completamente sem esperanças de qualquer possibilidade de ser redimido. Mas quando vemos que a nossa justiça, recebida pela fé, é a retidão perfeita de Cristo, então vemos quão gloriosas são as boas novas do evangelho. As boas novas são simplesmente estas: eu posso ser reconciliado com Deus, eu posso ser declarado justo por Deus não com base no que eu fiz, mas com base no que Cristo fez por mim.
No coração do evangelho está uma dupla imputação. Meus pecados são imputados em Jesus. A justiça dele é imputada em mim. E nesta transação de duas vias, vemos que Deus não negocia com o pecado ou compromete sua própria integridade para nos salvar, antes, pune real e completamente o pecado ao imputá-lo em Jesus, mantendo sua justiça, e, assim, Ele pode ser ao mesmo tempo justo e justificador, como o apóstolo nos diz. Então, à vista de Deus, meu pecado vai para Jesus e a justiça dele vem para mim.
O Dr. R. C. Sproul nasceu em 1939, no estado da pensilvânia. É ministro presbiteriano, pastor da igreja St. Andrews Chapel, na Flórida. Fundador e presidente do ministério Ligonier, professor e palestrante em seminários e conferências, autor de mais de sessenta livros, vários deles publicados em português e editor geral da Reformation Study Bible. urante os seus mais de quarenta anos de ministério no ensino acadêmico e na igreja, o dr. Sproul tem se dedicado a transmitir com clareza as verdades profundas e práticas da Palavra de Deus. É casado com Vesta Ann e o casal tem dois filhos, já adultos. O Dr. Sproul é autor de inúmeros livros, entre eles ”Quem é Jesus?” e “A Verdade da Cruz“, publicados pela Editora Fiel.
Por R. C. Sproul. Extraído do site ligonier.org. © 2012 Ligonier MinistriesTradução: Vinícius Musselman Pimentel – Editora Fiel © Todos os direitos reservados
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